domingo, 25 de outubro de 2009

MUSAS







A um postal ilustrado com a Mona Lisa foi acrescentado a lápis um bigode e uma pêra(cavanhaque) e legendado com L.H.O.O.Q.(1919) o que em francês se lê foneticamente ¨Elle a chaud au cul ¨( Ela tem calor no rabo )
Pois bem, a Mona Lisa de bigode, um dos readymades de Duchamp, foi o ponto de partida para uma série de fotografias que fiz, tendo como referência a hitória da arte.



sábado, 24 de outubro de 2009

OUTRAS MUSAS


Alinhar ao centro




FOTOGRAFIA-PINTURA

Tendo como referência em minhas fotos a História da Arte, venho trabalhando com duas idéias: cópia e perversão. A grande questão consiste em copiar o modelo por fora, alterando-o profundamente por dentro. Como passar isto num trabalho de fotografias onde tudo é imagem, tudo é superfície? Como provocar na imagem uma duplicidade, um desequilíbrio, uma certa instabilidade? A idéia de simulacro é justamente essa: Uma imagem que provoque no observador atento a constatação: ¨essa é uma imagem falsa¨.Procuro reconstituir em detalhes, as cores da pintura, as poses do modelo, toda a ambientação do quadro. O desvio quando aparece é sempre discreto, busco a difernça interna.
Muitas vezes me utilizo do espelho para criar na imagem uma duplicidade. Mas a imagem que aparece no espelho não casa, o quebra cabeças não se fecha. A dubiedade masculino/feminino me serve para criar no equilíbrio da imagem clássica uma certa tensão.
Para concluir, eu poderia dizer que todos os recursos que utilizo no sentido de desviar-me da pintura original,muito provavelmente tenham o propósito de pensar a essência da fotografia.



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Intervenção sobre o trabalho de um artista de rua











Paulo Braga é um artista de rua que sobrevive pintando nus e paisagens em pequenos quadrinhos de madeira, para vendê-los no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro. Cada quadrinho é vendido pelo valor de R$ 2,00( dois reais).
Eu, Solange Venturi, venho há algum tempo trabalhando em cópia e perversão dos modelos nus da História da Arte, utilizando a fotografia como meio e expondo em algumas galerias e salões de arte contemporânea.
O objetivo deste trabalho é justamente a junção de dois artistas que transitam por universos tão distintos, junção esta impetrada por mim no sentido alcançar algumas consequências que venho perseguindo há algum tempo.
Ao me apropriar do trabalho de Paulo Braga( apropriação esta consentida por ele), busco o mínimo de intervenção possível externamente e um máximo de modificação interna.
Faço isto, acrescentando pequenos detalhes como bigodes, cavanhaques, sobrancelhas em alguns nus, masculinizando-os. Em outros não faço nada, mas a mera proximidade com os que sofreram alteraçao, lhes dão o mesmo efeito híbrido. Portanto, após essa intervenção, o conjunto do trabalho sofre um desvio de intenção: ao invés de nus femininos, acabamos nos deparando com um conjunto de personagens ambíguos, híbridos, talvez a acenar com a idéia de que tudo no mundo esteja irremediavelmente aberto a contaminações, trocas, substituições... num eterno jogo. A própria assinatura do artista adquire um efeito estranho, visto que o trabalho já é outro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE ( individualização de cada foto)




PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE







Este trabalho foi exposto no LVI Salão paranaense no MAC de Curitiba. Com o conjunto da obra, fui um dos quatro artistas premiados e hoje ele faz parte do acervo do museu. Ele foi exposto também no MAAC de Campinas na exposição ZOOM no ano seguinte(2001).
É um trabalho de fotografia , onde fiz uma construção dentro de uma caixa e à medida que ia fotografando, mudava o ¨cenário¨ criando uma série com pequenas modificações, perseguindo ainda aquela idéia de movimento que citei em outras postagens (referenciando-me nos trabalhos de MUYBRIDGE).
Neste trabalho, o personagem vai se esvaziando e à medida que vai colocando suas entranhas para fora, uma fenda cada vez maior vai se abrindo à sua frente. Na verdade, eu vou fotografando e desenhando ao mesmo tempo.
Muitas vezes essa fronteira entre fotografia e pintura ou desenho e fotografia, vai se manifestar em meu trabalho. Gosto de criar essas relações, ao mesmo tempo que gosto de criar séries. Contar uma estória, um fato que se repete...